terça-feira, 30 de junho de 2009

Aproveitar a vida devia ser todos os dias

Eu não sou, nem nunca fui, boa aluna. Até ao 12º nunca me esforcei devidamente e sempre achei História uma disciplina inatingível. Mudei de escola, de colegas, de professor e fiz a disciplina com 17 no exame, 13 de média final. A partir daqui a motivação foi outra. Muitas coisas que eu pensava não conseguir, consegui. Consegui tirar a carta! Eu despistada consegui concentrar-me quando tinha de me concentrar. Estabeleci limites, controlei-me. Melhor: consegui tirar o código à primeira, e o resto também à primeira. Talvez com uma certa sorte pelo meio…quem sabe!
A verdade é que quando quero, agarro-me e quando me agarro não caio facilmente.
Uma mancha no cérebro, um susto dos diabos fez-me ver a vida de maneira totalmente diferente! Tinha 18 anos, o meu cérebro tinha 40 (*). Um quase esgotamento. Eu? Eu que nunca fui marrona, como era possível? Pensava que só as marronas tinham destas coisas! É um mito! Eu tinha, eu também andava cansada e não dormia. Era mesmo verdade: ou me acalmava ou podia sofrer consequências mais graves. O quê? Os jovens também têm risco de AVC? Umas drogazitas receitadas pela neurologista, menos coca-cola e mais horas de sono fizeram-me recuperar. Mas acham que foi só isso? Não! De novo a motivação. No 1º dia, quando soube da situação que estava a atravessar fiquei abatidíssima. Mas isso só durou um dia. Posso dizer que os momentos em que estive doente foram os melhores de toda a minha vida. Ou pelo menos dos melhores. Porquê? Porque quando comecei a pensar no “risco de perder a sanidade mental” (não é que sempre tenha tido muita!) comecei a ver as coisas com outros olhos. Agarrei-me à vida! Comecei a aproveitar cada segundo da minha vida como se fosse o último, não me passava com as pessoas, tinha muita calma, pensava que o ser humano é tão frágil que daqui a 5 minutos a pessoa com quem falo agora pode não estar cá (ou eu) e então não fazia problemas de nada. Mesmo quando estava sozinha em casa não me limitava a estar esparramada em cima da cama. Fiz um esquema mental de actividades que tinham de ser feitas e diverti-me imenso. Ganhei uma calma que hoje em dia já não sei atingir. Porque me falta força, porque me falta coragem de ir mais longe, porque voltei a achar que tenho muitos dias de vida. Quando o tempo me parecia pouco eu sabia viver. Agora? Agora já não sei se sei viver, espero o dia em que tudo isto seja melhor, esforço-me na mesma e tenho alguma motivação porque gosto do que faço (se bem que não o faço eficazmente) mas vou, simplesmente, sobrevivendo. Não obter resultados deixa-me mal. Sinto que é um esforço em vão. Quando estava doente nada me parecia ser em vão e atingia os meus objectivos.

Não me lembro da última vez que olhei para o céu e contemplei, não me lembro da última vez que me soube bem uma refeição, não me lembro da última vez em que dei a devida atenção a alguém. Ando outra vez a correr de um lado para o outro. Isto tudo porque quando queremos e nos agarramos, por muito que o tempo seja pouco,acabamos por fazer mais num dia do que num ano da nossa vida. Não desejo ficar doente de novo, mas se calhar mereço um grande estaladão!

* O cansaço do meu cérebro foi equiparado ao cansaço de um cérebro de 40 anos.

1 comentário:

  1. gostei deste pessoalmente

    nao me perguntes porque

    porque nao sei ou fingo que nao :P


    dark kisses

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