terça-feira, 9 de março de 2010

A escada, a vida

E se viver fosse uma arte onde não fossem impostos limites para a imaginação? E se deitássemos os relógios fora e não interessasse a quantas andamos? E se as pessoas ficassem laranjas quando mentem? E se o cérebro não interferisse nos sentimentos? E se ninguém tivesse que comer em excesso para preencher vazios? E se não houvesse uma escada para subir?

A escada é demasiado estreita para tanto, estamos todos em fila a subir. Continuamos a subir, a subir... sem ninguém ao lado. Quem quer recuar - quem quer descer os degraus - já não consegue porque há a continuação da fila atrás. Continua a subir, porque os outros sobem e não dá, não dá para recuar. Cada vez mais alto, cada vez mais receio. Tonturas, confusão. O que há depois disto que seja tão interessante? Porque subimos todos nós os degraus de forma tão apressada? Para onde raio vamos com tanta pressa? Sem se poder olhar para trás porque já subimos demais para isso... sem podermos suportar-nos na pessoa à nossa frente porque já vai mais adiantada.
Sozinhos, cada um por si, subimos a escada. [Eu quero recuar, mas já estou demasiado inserida nisto, já comecei a subir a escada]. E gritar? Será que alguém pode gritar aqui? Alguém vai fazer alguma coisa se alguém gritar?
Parecemos robots comandados por alguém (ou pelo tempo, pelas circunstâncias). Aposto que estamos todos a pensar "No que me vim meter". Agora é tarde.

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