sábado, 15 de agosto de 2009

Cultura e desenvolvimento

Eu não acho que as pessoas das vilas pouco desenvolvidas ou aldeias tenham menos capacidade mental mas acho que se essa capacidade não for desenvolvida desde o início podem surgir problemas ao nível das relações interpessoais e até mesmo da aprendizagem. Acho a cultura essencial para estimular a capacidade de comunicação. Tudo depende da educação, claro, e da maneira como os pais - e posteriormente os professores - encaminham as crianças. Uma criança que seja de Lisboa, por muita actividade cultural que tenha à sua volta, se os pais não a arrancarem de casa vai tornar-se como as outras: sentadas à frente da televisão todo o dia a ver desenhos animados.
Deve fazer-se uso das bibliotecas (mas estas não existem nas aldeias e certos pais não estão para se dar ao trabalho de ir buscar livros à biblioteca mais próxima - o que é uma pena, mas o país em que estamos ainda traz muitas coisas de trás e como tal o pouco interesse pela cultura) mas acho que, por exemplo, nas férias aquelas famílias que têm oportunidade de ir para a praia deviam também fazer um "plano cultural". Porque não visitar museus que existam perto das praias nas horas em que não se deve estar exposto ao sol? Podem responder-me "as crianças estando ao pé da praia não querem outra coisa", mas se assim é, é porque desde o início não se incutiu o gosto por conhecer novas coisas para além de areia e mar.

Tudo isto já parte mesmo do interesse de cada um. A cultura sai cara... claro que sai. Nas praias entra-se gratuitamente, é certo. Mas também há muitas coisas de entrada livre e ninguém aparece. As pessoas passam a vida a queixar-se e dizem que não vão a mais eventos ou museus porque sai caro. Até mesmo os jovens. Há um museu ao lado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Machado de Castro) que é gratuito para estudantes. Perguntem àqueles que dizem que a cultura é cara se já lá foram.

Eu não tenho dúvidas de que há muitos jovens nas aldeias a trabalharem "como cães" a troco de um ordenado mínimo que dariam óptimos engenheiros se tivessem sido estimulados. Portugal ainda carrega às costas o peso de uma ditadura.

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