segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Solidão, suave

Não desgosto dos momentos de solidão. Sou muito comunicativa mas se não andar na minha de vez em quando acabo por não ser boa companhia para os outros, quando acompanhada.

A solidão veste uma cor sóbria, eu adoro preto. Acho uma cor suave, tranquilizante com um poder extraordinário que me faz seguir em frente. As pequenas coisas são os refugios da solidão. Preparo um café, com pouco açucar, para lembrar que o equilíbrio é uma coisa bonita de se ter: café, nem muito doce, nem muito amargo. Lençóis negros, paredes brancas. Para desequilibrados já me chegaram dois meses de pensamentos. E que dose...!
Agora fico simplesmente parada, sem desejar nada. Contemplo a vista pela janela enquanto bebo o café. Não é nada de extraordinário mas é suficiente. Casas e prédios com tantas vidas distintas. Reparo em cada janela e imagino o que será feito de cada vida dentro delas. Os jornais espalhados pelo quarto lembram a crise que se vive. Não me preocupa muito, não tenho gastos exurbitantes, compro o necessário, mas tenho pena das pessoas que vivem mal e que não têm culpa. Preocupa-me mais a crise de valores (que é um efeito da crise monetária...claro). Ponho música japonesa a tocar. Enquanto houver música...há esperança. Agarro num livro e o tempo que teimava em não passar afinal passou muito rápido. Saio do mundo do livro e volto a reparar que estou sozinha. E então? Estou bem.

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