Lembro-me de dizeres que querias exclusividade
A brincar, a brincar, chegou a ser verdade
"Eu não me sinto livre" disseste tu um dia
Apesar de não te querer prender, a minha alma sorria
Os problemas que tínhamos não chegavam a ser problemas
Duas gajas inteligentes não se metem a fazer esquemas
Não faltou verdade, respeito e afecto
Até que houve um abalo dos alicerces ao tecto
O que mais detestei foi a tua desistência
Eu valia a pena e não tiveste paciência
Para duas pessoas funcionarem há que haver adaptação
Mas tu repugnavas essa ideia e ganhavas a razão
Dizes que te fiz feliz
Mas não chegaste a ver metade
Tudo o que quis
Foi tratar-te com dignidade
Devia ter entendido o que realmente querias
Mas como podia eu saber se quando me vias sorrias?
Hoje, respiro com alívio por finalmente ter passado
Foi com relutância que assumi um final inesperado
Mas a realidade é mesmo assim
Há que saber viver sem pedaços de mim
Ainda assim
Sinto-me um livro arrumado na estante
Deixaste a história e meio
Não quiseste ler a restante
(NOTA: A frase "Eu não me sinto livre" no contexto em que foi dita significa que a pessoa em questão não se sentia com o "coração" livre para outras pessoas, e não como se possa pensar que estaria efectivamente presa por obrigação).
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