Cheguei à zona do Estádio por volta das 16:00. Andámos por lá a ver o ambiente e o espírito que se fazia sentir era unânime: alegria. Por momentos toda a gente se esqueceu da crise, dos problemas de cada um. Havia várias gerações de um lado para o outro com t-shirts da banda, já havia filas grandes (que felizmente andaram bastante rápido pouco depois das 17:00). A organização e segurança estavam impecáveis, o que permitiu rapidez, facilidade e sensação de segurança ao aceder ao estádio.
Já lá dentro comecei a sentir uma certa euforia (foi o meu primeiro concerto "a sério"...o primeiro grande concerto) e ainda não tinha caído na real. A estrutura do palco é absolutamente "monstruosa" e se fiquei admirada quando a vi, durante o concerto fiquei extraordinariamente surpreendida com todas as funcionalidades da mesma. As horas de espera (duas horitas e pouco) passaram num instante. O público ia-se entretendo com a típica "onda", aplausos por cada vez que alguém subia ao palco, etc.
A actuação dos Interpol durou pouco tempo mas dado o momento em que foi a actuação (antes dos U2) pareceu uma actuação interminável. Ainda assim, foi uma boa actuação.
Quando os Interpol saíram do palco e entre a mudança de uns materiais para outros a euforia ia crescendo.
Os seguranças andavam de um lado para o outro e especulava-se por onde iriam entrar os U2. Chegou a dizer-se que surgiriam de debaixo do palco (que é altinho) mas quando os seguranças se formaram deu para perceber que viriam de onde vieram os Interpol.
Bateram-se palmas por engano, ia-se fazendo a onda (desta vez participei menos pois não queria falhar a passagem dos U2 pela zona onde eu estava). Entretanto pelo ruído humano percebeu-se quando realmente saíram do túnel e iniciaram a sua passagem até ao palco. O primeiro que vi foi o The Edge, depois o Bono e depois o Larry e o Adam. Tenho de salientar que o Bono tem um andar extremamente engraçado e tem uma pinta do caraças! Não tenho palavras para descrever a passagem deles até ao palco, mas foi algo memorável!
Bono surpreendeu o público com um "Briosa" que demonstrou que tinha a lição bem estudada. Porém logo a seguir referiu também, Lisboa, Porto e, salvo erro, Braga. Ainda gritou um "olá malta!" e logo depois ouviu-se "Return Of The Stingray Guitar" e "Beautiful Day". A "Miss Sarajevo" foi marcada pelo pedido de Bono para que desligassem as luzes (a maioria do público tinha as lanternas que a Worten tinha andado a distribuir acesas) e o que encontro mais comparável é o universo (Bono também refereiu isso). Milhares de luzinhas cintilantes. Um ambiente fantástico. Logo a seguir veio, mais do que a propósito, "City of blinding lights". Entretanto pelo meio destas músicas uma dezena e pouco de pessoas percorreu a plataforma à volta do palco com lanternas com o símbolo da Amnistia Internacional e nesta parte fez-se sentir um ambiente de paz (e se o povo português é mesquinha - e ainda que grande parte do público não fosse português - há momentos em que consegue ser dos melhores a nível de "calor humano" e volto a realçar que a recepção e aderência do público foram magníficas e bastante exemplares).
Bono nunca esteve parado - The Edge também não - e percorram algumas vezes a plataforma de acesso ao palco (em toda a volta do mesmo) e as pontes entre o palco e essa plataforma giravam em toda a volta do palco (são pormenores que fazem de um concerto um verdadeiro concerto e não os típicos "despejos de músicas e adeus"). Entretanto chamou uma rapariga do público ao palco, como já é típico, e achei giríssimo vê-lo abraçá-la.
"Acabou" com a música "Walk on". Mas sabíamos bem que não podiam ir embora sem tocar a "One". E assim foi. Mostraram um vídeo (no tal ecrã que achei espantoso pelos efeitos) sobre mensagens de paz e lá voltaram com a "One".O ecrã ia passando mensagens como: "conseguias viver sem amor?", "roubarias por amor?".
Logo a seguir veio "Where The Streets Have No Name".
"Acabou" pela segunda vez.
Voltaram com "Ultraviolet (Light My Way)", "With Or Without You" e, por fim, "Moment of Surrender".
Esperei até que passassem novamente pelo corredor, gritei até me doer a garganta, olhei uma última vez para todo aquele cenário desde as pessoas até à gigantesca estrutura do palco, virei costas e fui embora ainda não acreditando em tudo o que acabava de ver e sentir.
[Oiço U2 desde os 3 anos de idade - graças à minha irmã que também foi comigo ao concerto - e esperava isto há 5 anos que foi quando tinham ído a Lisboa da última vez e eu não pude ir. Recebê-los em Coimbra foi um prazer enorme].
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